O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (9) a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil. A medida, que entra em vigor em 1º de agosto, foi formalizada por meio de uma carta enviada ao governo brasileiro, e incide sobre “todo e qualquer produto brasileiro enviado aos Estados Unidos, além de todas as tarifas setoriais”.
A decisão foi interpretada como retaliação geopolítica no contexto da cúpula do Brics, realizada nesta semana no Rio de Janeiro. Trump vem demonstrando descontentamento com a aproximação entre os países-membros do bloco, que hoje reúne 11 nações, entre elas o Brasil.
Impacto econômico
Para Harrison Gonçalves, membro do CFA Society Brazil, o anúncio representa um retrocesso nas relações bilaterais e ameaça a competitividade brasileira. “O país perde competitividade, compromete parte da arrecadação e reduz seu PIB potencial ao ser tributada uma fatia relevante das exportações”, avalia.
Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, afirmou que a magnitude da tarifa surpreendeu o mercado. “A maioria dos analistas esperava um movimento mais brando. Uma tarifa de 50% pode ter efeito devastador, levando à revisão para baixo das projeções de crescimento do PIB e da balança comercial brasileira”, disse.
O que o Brasil exporta aos EUA
Em 2024, os Estados Unidos foram o terceiro principal destino das exportações brasileiras, atrás da China e da União Europeia. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o Brasil exportou US$ 40,3 bilhões ao país norte-americano no ano passado.
Entre os produtos mais vendidos estão petróleo bruto (US$ 5,8 bilhões), ferro e aço, café, pasta de madeira e aviões. O setor mais atingido será a indústria de transformação, responsável por grande parte dos itens exportados, como aeronaves, combustíveis, açúcar, carne e máquinas pesadas.
A depender da resposta do governo brasileiro e das negociações diplomáticas nas próximas semanas, o aumento tarifário pode se transformar em uma disputa comercial de grandes proporções, com efeitos diretos sobre empregos, crescimento e estabilidade econômica.
O Ministério das Relações Exteriores ainda não se manifestou oficialmente sobre a medida.