O anúncio da imposição de uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos pode gerar um prejuízo bilionário para a economia do Nordeste. De acordo com um levantamento da Coordenação de Estudos, Pesquisas, Tecnologia e Inovação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), a região pode perder até R$ 16 bilhões por ano em exportações, caso a medida entre em vigor a partir de agosto, como anunciado pelo presidente norte-americano Donald Trump.
Segundo a sondagem, os estados do Ceará, Bahia e Maranhão serão os mais impactados. Apenas em 2025, as exportações nordestinas para os EUA somaram US$ 1,58 bilhão até junho — o equivalente a R$ 8,7 bilhões. O Ceará lidera o ranking, seguido pela Bahia e pelo Maranhão, que juntos responderam por 84,1% de tudo que o Nordeste vendeu para o mercado norte-americano no período.
No ano anterior, em 2024, a Bahia, Maranhão, Ceará e Pernambuco exportaram aproximadamente US$ 2,5 bilhões (R$ 14 bilhões) aos EUA. A região como um todo atingiu pouco mais de R$ 15,6 bilhões em vendas externas, segundo cálculos da Sudene com base na cotação do dólar desta quarta-feira (10).
Perda de empregos e impactos na cadeia produtiva
Para o coordenador da Sudene, José Farias, os efeitos da tarifa serão profundos e vão além das cifras do comércio exterior. Ele afirma que a medida deve provocar perdas no Produto Interno Bruto (PIB) regional, redução de empregos e impactos indiretos sobre diversas cadeias produtivas, especialmente nas áreas agrícola e industrial.
“Será uma perda significativa para a economia regional, caso este mercado seja fechado. A consequência natural de um aumento absurdo de tarifa como esse é a fuga dos compradores para outros fornecedores globais. E isso pode atingir especialmente os pequenos produtores e setores que já operam com margens apertadas”, explicou Farias.
Segundo ele, mesmo produtos considerados primários, como o cacau, movimentam cadeias inteiras nos estados exportadores. “A pauta do Nordeste é diversificada. Temos ligas de aço, pastas químicas, pneus e diversos itens agropecuários. Tudo isso sustenta empregos e renda no território”, disse.
Produtos em risco
Entre os principais produtos exportados pelo Nordeste aos EUA estão frutas, pescados, calçados e aço, com destaque para o Ceará, que tem forte presença de itens com valor agregado médio. A Bahia também deve ser fortemente atingida, com prejuízos estimados em setores como cacau (US$ 46 milhões) e pneumáticos (US$ 42 milhões). Já o Maranhão é afetado especialmente nas exportações de pastas químicas e minérios.
A Sudene alerta que a perda de competitividade decorrente da nova tarifa pode inviabilizar parte dessas exportações, exigindo ações urgentes do governo federal e dos estados para buscar alternativas de mercado e minimizar os impactos regionais.