A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) denunciou possíveis irregularidades em um processo licitatório do Banco do Nordeste para contratação de serviços de tecnologia da informação. Em pronunciamento feito nesta quarta-feira (20), no Plenário do Senado, ela afirmou que recebeu documentos que levantam suspeitas de favorecimento e inconsistências nos critérios da licitação.
Segundo a parlamentar, o edital previa julgamento pelo critério de menor preço, mas a proposta vencedora, no valor de R$ 329,9 milhões, seria até três vezes maior que outras ofertas apresentadas por empresas já experientes no mercado.
“Uma das propostas estava em torno de R$ 14 milhões para o mesmo serviço. Havia empresas com histórico de atendimento ao Palácio do Planalto, Caixa Econômica e Banco do Brasil. Uma delas apresentou proposta de R$ 95 milhões. A diferença é gritante”, afirmou Soraya.
A senadora também chamou atenção para o fato de a empresa vencedora ter sido criada em junho de 2023, apenas três meses após a posse do atual presidente do banco, Paulo Câmara, ex-governador de Pernambuco.
“Essa coincidência temporal não pode ser ignorada e demanda explicações claras e transparentes”, disse.
Soraya informou que está apurando a origem e os vínculos das empresas envolvidas, além de solicitar esclarecimentos formais à direção do Banco do Nordeste. Ela reiterou que empresas com histórico de prestação de serviço ao governo federal foram desclassificadas ou perderam a disputa, mesmo apresentando valores significativamente menores.
“A empresa vencedora tem apenas dois anos de existência. É, no mínimo, estranho”, reforçou.
O Banco do Nordeste ainda não se manifestou oficialmente sobre as declarações da senadora até a publicação desta matéria. A reportagem entrou em contato com a assessoria da instituição para obter um posicionamento.
Com sede em Fortaleza, o Banco do Nordeste é responsável por promover o desenvolvimento econômico e social da região Nordeste, além do norte de Minas Gerais e do Espírito Santo. Diante da denúncia, o caso pode ser alvo de apuração por órgãos de controle e fiscalização, como o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público Federal (MPF).