O Brasil enfrenta desafios urgentes: desigualdade social, crise climática, violência urbana, falta de investimentos em saúde e educação. Ainda assim, parte significativa do Congresso Nacional dedica tempo e energia a projetos que não tocam na vida da população, mas servem apenas para proteger interesses próprios. É o caso da chamada PEC da blindagem e o PL da anistia, que busca reduzir a possibilidade de responsabilização de parlamentares e aliviar a situação de quem participou de atos golpistas.
A proposta afronta a democracia e envia um recado perigoso à sociedade: o de que crimes cometidos por políticos ou apoiadores de rupturas institucionais podem ser varridos para debaixo do tapete. Em vez de fortalecer as instituições e reafirmar o compromisso com o Estado de Direito, a iniciativa tenta consolidar privilégios e abrir brechas para a impunidade.
Num país em que milhares de cidadãos são presos e processados diariamente por crimes comuns, soa ofensivo que parlamentares trabalhem para criar um sistema paralelo de proteção a si mesmos. Essa desigualdade jurídica aprofunda a descrença nas instituições e alimenta o sentimento de que a lei só vale para os mais pobres e desprotegidos.
Não há democracia sólida quando representantes eleitos ignoram as necessidades da população e se voltam apenas para sua própria sobrevivência política. Blindar mandatos e anistiar golpistas não fortalece o país; enfraquece a confiança coletiva e corrói a legitimidade das instituições.
O Congresso deveria estar empenhado em discutir como melhorar a vida das pessoas, não em aprovar medidas que mancham a própria imagem e colocam em risco o futuro democrático do Brasil.