O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, foi de 0,24% em junho, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo IBGE. O resultado representa uma leve desaceleração em relação ao mês anterior, quando a taxa foi de 0,26%.
A principal pressão de alta no mês veio da energia elétrica residencial, que subiu 2,96% com a entrada em vigor da bandeira tarifária vermelha patamar 1. O item foi responsável pelo maior impacto individual no índice geral de preços, contribuindo com 0,12 ponto percentual da inflação de junho.
No acumulado de 2025, o IPCA já registra alta de 2,99%. Em 12 meses, o índice soma 5,35%, permanecendo acima da meta definida pelo Banco Central para o ano, que é de 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Além da mudança na bandeira tarifária, houve reajustes em diferentes regiões do país. Em Belo Horizonte, por exemplo, a tarifa subiu 8,57% a partir de 28 de maio. Em Porto Alegre, uma das concessionárias aplicou aumento de 4,41% em junho. Curitiba teve reajuste de 3,28%, enquanto no Rio de Janeiro foi registrada queda de 1,29%.
Por outro lado, o grupo Alimentação e bebidas teve deflação de 0,18% em junho, após nove meses consecutivos de alta. Essa queda ajudou a conter o avanço do IPCA. Entre os produtos que mais caíram estão o ovo de galinha (-6,58%), o arroz (-3,23%) e as frutas (-2,22%). O tomate foi uma das exceções, com alta de 3,25%.
A alimentação fora de casa também desacelerou, passando de 0,58% em maio para 0,46% em junho. A redução no grupo alimentício fez com que o índice de difusão, que mede o percentual de itens com aumento de preços, recuasse de 60% em maio para 54% em junho. Foi o menor nível desde julho do ano passado.
O grupo Transportes registrou alta de 0,27%, impulsionado pelo aumento nos preços de transporte por aplicativo, que subiram 13,77%, e no conserto de automóveis, com variação de 1,03%. Apesar disso, os combustíveis tiveram queda de 0,42%, o que ajudou a conter a inflação do setor.
No grupo Vestuário, o IPCA subiu 0,75%, com destaque para a alta de 1,03% nas roupas masculinas e de 0,92% nos calçados e acessórios. Outros grupos com variações positivas foram Saúde e cuidados pessoais (0,07%), Despesas pessoais (0,23%) e Comunicação (0,11%). Educação não teve variação e Artigos de residência subiram 0,08%.
Já o INPC, índice que mede a inflação para famílias com renda de até cinco salários mínimos, também desacelerou e ficou em 0,23% em junho. O acumulado em 12 meses é de 5,18%.
Entre as capitais, Rio Branco teve a maior variação mensal (0,64%), puxada pelo fim da meia-entrada em cinemas e pela alta de 3,99% na energia elétrica. Campo Grande apresentou a menor variação (-0,08%), devido à queda nos preços da gasolina e das frutas.
A desaceleração do índice em junho ocorreu em meio a pressões distintas, com alimentos em queda e energia elétrica ainda em alta. O cenário reforça a complexidade do controle da inflação, especialmente com a influência de fatores sazonais e administrativos sobre os preços.