A onda de tarifaços aplicados sobre os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos devia, na oportunidade, atingir também a exportação de corruptos daqui para aquele país. O exemplo mais recente de corrupto brasileiro tipo exportação é o de George Santos, que sob severa investigação, revelou-se culpado de roubo de identidade qualificado, fraude eletrônica e fakenews.
Nas eleições de 2022, George Santos, que é filho de brasileiros, foi eleito deputado pelo Republicanos de Nova York, cumpriu pouco mais de um ano de mandato, até ser expulso do cargo em 2023. Em um acordo judicial, ele aceitou pagar cerca de 580 mil dólares em multas, além de passar a cumprir pena de sete anos em prisão federal.
Autoridades norte-americanas constataram que o então desconhecido político havia mentido sobre grande parte de sua trajetória, apresentando-se como um empresário bem-sucedido que havia trabalhado em prestigiadas empresas de Wall Street e possuía um valioso portfólio imobiliário.
A realidade, entretanto, era completamente outra. Santos estava enfrentando mesmo era uma tremenda pindaíba e até processos de despejo. Desde então, as descobertas levaram a investigações criminais e parlamentares sobre como ele financiou sua campanha.
George Santos é o perfeito exemplar do corrupto brasileiro, violador de leis, charlatão, trapaceiro, mentiroso e cara-de-pau. Com essa fórmula na bagagem, achou por bem aplicar a lábia e o “sete, um” lá fora, onde o emprego rígido da lei é cumprido à risca. Fosse aqui no Brasil, suas trapaças e armadilhas criminosas talvez atravessassem incólumes a vulnerável malha da nossa justiça, se misturasse a outros incontáveis casos de corrupção nacional impunes, e ele, em vez de condenado, provavelmente continuaria guindando postos mais elevados na carreira política até, quem sabe, subir a rampa do Planalto investido da cobiçada faixa presidencial.
Com sua astúcia tipicamente brasileira, George Santos (que de “santo” só tem o nome) agiu criminosamente como um inseto pestilento que tentou polinizar o Legislativo nova-iorquino com a semente fértil e secular da nossa corrupção, que já constitui um patrimônio nacional da política brasileira. Quem sabe, depois de cumprir pena na terra de Tio Sam, Santos migre para o Brasil e, por aqui, sem dúvida, encontrará solo propício para dar largas ao seu dom de corrupto esperdiçado lá fora. Afinal, nascido em 1988, ele é ainda muito jovem para tanto.