O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (16) manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, reforçando que o cenário atual de inflação elevada e expectativas desancoradas exige uma política monetária significativamente contracionista por um período prolongado.
A decisão ocorreu em meio a um ambiente internacional incerto, marcado pela condução da política econômica dos Estados Unidos e pelas tensões geopolíticas, que têm aumentado a volatilidade de ativos e pressionado condições financeiras globais.
No cenário doméstico, a atividade econômica dá sinais de moderação, mas o mercado de trabalho segue aquecido. A inflação, no entanto, permanece acima da meta, tanto no índice cheio quanto nas medidas subjacentes. As projeções do Copom indicam inflação de 4,8% em 2025, 3,6% em 2026 e 3,4% no primeiro trimestre de 2027 — todas acima do centro da meta (3%).
Entre os principais riscos de alta para os preços, o Banco Central cita a resiliência da inflação de serviços, uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada e uma eventual perda maior de ancoragem das expectativas. Do lado oposto, uma desaceleração mais forte da economia brasileira ou global e a queda nos preços das commodities poderiam aliviar o quadro inflacionário.
O colegiado também destacou atenção à política fiscal doméstica e aos impactos das novas tarifas comerciais impostas pelos EUA ao Brasil. “O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho”, afirmou o Copom em comunicado.
A decisão foi unânime entre os nove membros do Comitê, incluindo o presidente do BC, Gabriel Galípolo. O órgão ressaltou que pode retomar o ciclo de alta de juros caso julgue necessário para garantir a convergência da inflação à meta.