O Ceará registrou o segundo menor rendimento domiciliar per capita do país em 2024, com média de R$ 1.210, de acordo com o módulo anual da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta quinta-feira (8) pelo IBGE. O estado ficou à frente apenas do Maranhão (R$ 1.078) e atrás do Amazonas (R$ 1.231).
O levantamento mostrou que, apesar do crescimento do rendimento em todo o Brasil, as disparidades regionais permanecem acentuadas. No Nordeste, a média foi de R$ 1.319, enquanto o Sul registrou o maior rendimento domiciliar per capita do país, com R$ 2.499.
Mesmo com o valor abaixo da média nacional, o rendimento no Ceará avançou em relação aos anos anteriores, acompanhando o crescimento registrado em todo o país. Em 2024, a massa de rendimento mensal domiciliar per capita no Brasil chegou a R$ 438,3 bilhões, o maior valor desde 2012. Na comparação com 2023, o aumento foi de 5,4%, enquanto em relação a 2019, ano anterior à pandemia, o avanço foi de 15,0%.
O rendimento médio de todas as fontes da população cearense também acompanhou essa tendência, mas continua distante dos maiores valores observados em outras regiões. No Nordeste, o rendimento médio foi de R$ 2.080, o menor entre as cinco regiões do país.
Apesar do crescimento no rendimento, o Ceará segue com elevada desigualdade de renda. Os números do IBGE indicam que a concentração de renda ainda é alta no estado, com grande parte da população dependendo de programas sociais para complementar a renda familiar.
O levantamento aponta que o rendimento proveniente de aposentadorias e pensões representa 19,9% do total da renda domiciliar no Nordeste, a maior participação entre todas as regiões. Essa dependência é ainda mais acentuada nos estados de menor rendimento per capita, como o Ceará.
Além disso, o impacto dos programas sociais continua sendo relevante. Em 2024, 18,7% dos domicílios do Brasil tinham pelo menos um beneficiário do programa Bolsa Família, número que chegou a 19% em 2023, o maior valor da série histórica.
A maior parte do rendimento domiciliar no Ceará e em todo o país vem do trabalho. No Brasil, o rendimento do trabalho representou 74,9% do total da renda domiciliar em 2024, uma leve alta em relação ao ano anterior.
O aumento da ocupação e o crescimento do rendimento médio do trabalho foram os principais responsáveis pela expansão da massa de rendimento no país. No entanto, o cenário ainda é desafiador para o Ceará, onde os salários médios são mais baixos e a informalidade é maior do que nas regiões mais desenvolvidas.
Mesmo com o crescimento da renda e a recuperação em relação ao período mais crítico da pandemia, o Ceará e o Nordeste ainda enfrentam o desafio de reduzir as desigualdades regionais.
O aumento do rendimento domiciliar per capita é um passo importante, mas especialistas apontam que é necessário fortalecer o mercado de trabalho formal e promover políticas que garantam maior inclusão produtiva, especialmente para a população de baixa renda.