Autor: Pedro Paulo Paulino

Atuante tanto na literatura de cordel quanto na poesia erudita, com diversas conquistas em prêmios literários de âmbito nacional. Além de seu trabalho como escritor, ele também é redator e diagramador de jornais, revistas e livros, atuando dentro e fora de Canindé. Como radialista, Pedro Paulo apresenta um programa aos domingos, focado em resgatar sucessos da Velha Guarda.

Ontem, o dia de Finados trouxe-me à lembrança um tipo folclórico que por muito tempo perambulou pelas ruas de Canindé: Sebastião Raposa, que além de exímio jogador de damas, destacou-se também como o personagem mais presente em cortejos fúnebres na cidade. Não importava quem fosse o morto, conhecido ou não, Sebastião Raposa lá estava, respeitosamente, no momento da despedida derradeira, oferecendo suas condolências. Cabelos longos e assanhados, barba e bigode maltratados, unhas sujas e crescidas, e sempre levando na mão uma sacola ordinária, por si mesmo ele já aparentava um fantasma vagando entre as sepulturas. Ao tomar conhecimento da morte…

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© Divulgação/CanvaO dia de Finados está chegando, com suas nuanças de saudade e respeito por aqueles que já partiram: entes queridos, amigos ou simplesmente conhecidos. Anônimos ou famosos. Nessa data, pois, ocorre-me fazer alguma consideração sobre o campo-santo do lugar onde nasci, cresci e sigo a vida.O cemitério de Campos tem um século e alguns anos mais de existência. Durante decênios funcionou como destino último quase exclusivo da gente do lugar e só de tempos a tempos testemunhava um funeral. Reduzido e muito simples, foi construído em terras de Júlio Paulino Gomes, coração dos mais humanitários que já vieram a…

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Sem pretensão alguma de meter o bedelho em assuntos internacionais, o momento, entretanto, provoca-me a falar alguma coisa sobre guerra, em particular, a guerra entre Israel e o Hamas, deflagrada no começo de outubro, dizem que por um trecho de terra chamado Faixa de Gaza, estreito corredor onde se amontoam pelo menos dois milhões de seres humanos. Informações dão conta de que o conflito sem trégua, até o momento, já fez milhares de vítimas, em sua maioria população civil, incluindo crianças. A disputa territorial, entre palestinos e israelenses, está na lista dos confrontos mais antigos, cíclicos e letais da história…

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Foto: Garapa – Coletivo Multimídia / Wikimedia Commons.A Academia Brasileira de Letras acaba de eleger seu mais novo integrante: o ambientalista, filósofo e líder indígena Ailton Krenak. Aos 70 anos, Krenak é o primeiro indígena a tomar parte nos quadros da ABL, ocupando a cadeira número 5, já por si uma cadeira com valor histórico, pois pertenceu à cearense Rachel de Queiroz, primeira mulher a ingressar nessa renomada confraria.Na disputa pela vaga, Krenak obteve 23 votos, contra 12 da historiadora Mary del Priore e 4 de outro candidato indígena. Embora não cultive o hábito da escrita, o novo imortal, nascido…

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Eu só o vi uma vez, em 2017, durante os festejos religiosos de Canindé. Pequenas montanhas de livros expostas no porta-bagagem aberto do carro. Um outro tanto espalhado na calçada, bem no centro comercial da cidade, em meio aos transeuntes, quase todos indiferentes. Volumes usados, de literatura, história e também livros técnicos, afora revistas e outras publicações. Velhas enciclopédias e coleções.Enquanto eu passava em revista o estoque e adquiria alguns exemplares, trocamos um dedo de prosa. Identificou-se como sendo Nazareno Silva, 70 anos, 40 de vendedor de livros e 20 de festa do Canindé. Disse-me também ser potiguar de Mossoró.…

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© Pedro Paulo PaulinoTrês de outubro é o apogeu dos festejos franciscanos na cidade de Canindé, plantada no coração do Sertão. Trata-se de uma das mais antigas e concorridas tradições religiosas do Nordeste brasileiro. Nesta data, a cidade vira um formigueiro humano, com a presença de milhares de pessoas que de diversas cidades e estados nordestinos chegam para visitar o Santuário de São Francisco, tido como o segundo maior depois do Santuário da cidade italiana de Assis, berço do santo que viveu nos primórdios do milênio passado.Os dias três e quatro de outubro são, portanto, a culminância dos festejos, que…

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© Divulgação/ICTQA pequena Júlia Maria, de apenas dois anos, nascida no Ceará, viajou no dia 13 de setembro, na companhia dos pais, à cidade de Curitiba, para lá receber a dose única de um medicamento tido como o mais caro do mundo. Vítima de uma doença atrofiante, o remédio milagroso promete restituir-lhe os movimentos vitais mais simples, como se mover e respirar sem aparelhos. As notícias mais recentes dão conta de que a menina já consegue mover as pernas. Essa vitória sem preço, em contrapartida, custou aos pais da pequena Júlia Maria uma maratona penosa e duradoura.O medicamento custa em…

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© Divulgação/Reprodução InternetHá mais de uma semana, o mundo acompanha com tristeza as notícias das catástrofes naturais registradas no Marrocos e na Líbia. Terremotos e inundações, separadamente, destruíram grande parte daqueles dois países do norte da África. O saldo das tragédias representa milhares de vítimas de todas as idades, entre mortos, feridos, desaparecidos e desabrigados. A solidariedade em busca de salvar e amparar o enorme contingente de afetados pelas duas calamidades envolve esforços de diversas nações de vários continentes. A Líbia enfrenta até mesmo dificuldade para enterrar seus mortos pela catástrofe – que se calcula em torno de 20 mil.No…

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© Canva/ReproduçãoO meu primeiro brado pessoal de independência aconteceu durante o curso primário. Estudante procedente do meio rural, no ano de minha estreia em uma escola da cidade, deparei-me, no segundo semestre de aula, com uma experiência que para mim foi insólita e traumática: a participação obrigatória de um desfile estudantil no 7 de Setembro. Meu desconforto diante dessa nova situação começou com os treinos diários. Em detrimento disso, aulas eram sacrificadas, e, sob as ordens do orientador, saíamos em formação desfilando nas ruas, debaixo de um sol impiedoso. No primeiro ensaio, voltei para casa desapontado, e não escondi meu…

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© Divulgação/CanvaÉ conhecida a frase do escritor Nelson Rodrigues: “Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia”. A meu ver, porém, a sentença pode, sem prejuízo, resumir-se ao primeiro período: “Deve-se ler pouco e reler muito”.O ato de reler, evidentemente, inclui reler por completo um livro de autor da nossa predileção, ou apenas trechos, ou páginas salteadas, ou capítulos inteiros. Às vezes, relemos estritamente por necessidade ou fonte de pesquisa associada a outra leitura do momento ou mesmo…

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