O jornalismo sempre foi uma das principais ferramentas da democracia. É por meio dele que a sociedade tem acesso à informação confiável, apurada com rigor e apresentada com responsabilidade. Nos últimos anos, porém, temos assistido a um fenômeno preocupante: a multiplicação de páginas e perfis de notícias administrados por pessoas sem qualquer formação ou compromisso com a prática jornalística.
O resultado é visível. Notícias publicadas com erros grosseiros, títulos sensacionalistas, informações mal apuradas ou simplesmente copiadas de outros veículos sem crédito algum. Em um caso recente, uma página local chegou a noticiar que a Polícia Rodoviária Federal havia “apreendido 33 mortos” durante a Moto Romaria de Fortaleza a Canindé. Um erro que poderia ser evitado com uma simples revisão, mas que acabou se espalhando nas redes e confundindo leitores.
Esse tipo de equívoco não é apenas uma falha editorial. Ele revela um problema estrutural: a precarização do jornalismo. Quando qualquer pessoa, sem preparo ou responsabilidade, passa a se apresentar como fonte de informação, a sociedade corre o risco de consumir desinformação disfarçada de notícia.
O mais grave é que esses erros, quando se repetem, começam a ser aceitos como normais. A população vai se acostumando à má escrita, à informação incompleta e até às fake news. Assim, cria-se uma cultura da desinformação, em que o público já não consegue diferenciar o jornalismo sério da simples postagem viral.
O jornalismo profissional exige muito mais do que estar presente nas redes sociais. Ele demanda checagem rigorosa, respeito às fontes, clareza na redação e, sobretudo, compromisso com a verdade. É isso que diferencia a informação de qualidade da simples especulação.
Ao mesmo tempo, a responsabilidade também é do público. A pressa em compartilhar conteúdos sem verificar a origem contribui para dar visibilidade a quem não tem compromisso com a notícia. Valorizar o jornalismo sério, reconhecer o trabalho de quem apura e informar-se em veículos responsáveis é uma escolha que fortalece a sociedade.
A notícia é um bem público. Tratar esse bem com descuido, erro ou oportunismo é trair a confiança de quem lê. É hora de refletir sobre que tipo de informação queremos consumir e que jornalismo queremos fortalecer.
1 comentário
Comentário que vem muito a contento. Urge, inclusive, que profissionais dos meios verdadeiros de comunicação batam mais nessa tecla, alertando para a poluição midiática provocada em nossos dias pelo submundo do falso jornalismo. A transição da imprensa escrita nas páginas impressas dos jornais, para o meio virtual, está revelando ostensivamente o prejuízo que esse emaranhado de postagens está causando ao bom senso e ao público em geral.