O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, registrou deflação de 0,11% em agosto, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo IBGE. O resultado interrompeu uma sequência de altas e marcou a primeira taxa negativa desde agosto de 2024 (-0,02%) e a mais intensa desde setembro de 2022 (-0,29%). Com isso, o índice acumula alta de 3,15% em 2025 e de 5,13% nos últimos 12 meses, abaixo dos 5,23% observados até julho.
A queda foi puxada, principalmente, pelo grupo Habitação, que caiu 0,90% e teve impacto de -0,14 ponto percentual no índice geral. Dentro desse grupo, a energia elétrica residencial recuou 4,21%, tornando-se o item de maior contribuição individual para a deflação (-0,17 p.p.). Outros grupos também tiveram retração: Alimentação e bebidas (-0,46% e -0,10 p.p.) e Transportes (-0,27% e -0,06 p.p.). Juntos, os três setores foram responsáveis por -0,30 p.p. no resultado geral.
Segundo o gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, sem o efeito desses grupos, a inflação de agosto teria sido de 0,43%. Ele destaca que o recuo da energia elétrica se deveu à incorporação do Bônus de Itaipu, mesmo com a bandeira tarifária vermelha patamar 2 em vigor. Além disso, reajustes em concessionárias estaduais ajudaram a pressionar o indicador para baixo.
Na alimentação, a terceira deflação consecutiva foi explicada pela queda de preços no domicílio (-0,83%), influenciada pela maior oferta de itens como tomate (-13,39%), batata-inglesa (-8,59%) e cebola (-8,69%). Já nos transportes, o recuo veio das passagens aéreas (-2,44%) e da redução nos combustíveis (-0,89%), especialmente na gasolina (-0,94%), que exerceu o segundo maior impacto negativo do mês (-0,05 p.p.).
Entre os grupos que subiram, Educação registrou a maior variação (0,75%), puxada pelos reajustes no ensino superior (1,26%) e fundamental (0,65%). Vestuário também avançou (0,72%), com destaque para roupas masculinas (0,93%) e calçados (0,69%). Já Saúde e cuidados pessoais (0,54%) foram influenciados pelo aumento de itens de higiene (0,80%) e planos de saúde (0,50%).
O índice de difusão — que mede o percentual de itens com alta de preços — subiu de 50% em julho para 57% em agosto. “Nos produtos alimentícios houve redução da difusão, mas entre os não alimentícios houve aumento, o que mostra que a pressão de preços continua, mesmo com o resultado negativo do índice”, avaliou Gonçalves.
Regionalmente, Vitória apresentou a maior variação, com 0,23%, influenciada pela alta da energia elétrica (7,02%) e da taxa de água e esgoto (4,64%). Já Goiânia e Porto Alegre tiveram as maiores quedas, ambas de -0,40%, devido à redução nas contas de luz e nos preços da gasolina.
INPC também tem queda
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias de baixa renda, caiu 0,21% em agosto. No ano, acumula 3,08% e, em 12 meses, 5,05%, levemente abaixo dos 5,13% registrados no mês anterior. Os alimentos recuaram 0,54% no mês, enquanto os itens não alimentícios caíram 0,10%.
Assim como no IPCA, Vitória registrou a maior alta (0,31%), impulsionada pela energia elétrica, enquanto o Rio de Janeiro teve a maior queda (-0,53%), influenciado pela redução na tarifa de energia e no preço do café moído.